domingo, 8 de junho de 2014

A despercebida falha da Utopia

       Aquilo que é utópico me desagrada. O constantemente inalcançável me desmotiva. Afinal, por que desejar o idílico, e depositar sua energia na conquista desse, se há um mundo a sua volta repleto de imperfeições apenas esperando algum destemido que lute em prol das mesmas? A resposta se encontra no escapismo. Nós, como fracos humanos, não suportamos todas as imperfeições que presenciamos e vivemos (e na maioria das vezes, as nossas próprias), devido a isso, transferimos a realidade para um mundo criado por nós, fantasioso e irreal, o qual, tendo em vista nossa incapacidade, se demonstra como um todo perfeito.
        No entanto, o perfeito precisa ser necessariamente ideal ou utópico? A perfeição não pode estar simplesmente em sua antítese, a imperfeição? A maioria das pessoas considera a palavra "perfeito" como algo incontestável - "o que é perfeito basta" - mas não concluem que o "perfeito" é apenas uma tese e o "imperfeito" sua antítese. Quem sabe Friedrich Hegel concordasse com o meu exemplo. Da tese e da antítese, resultam a síntese, contudo, o que surgiria da perfeição contradita pela imperfeição? A síntese de tal mistura, meu caro leitor, é você quem define.
        Portanto, "seria a perfeição uma utopia?" Não. "Seria a minha definição de perfeição uma utopia?" Talvez. Mas, logo adianto meu ponto de vista: Não há nada de mais perfeito do que imperfeições se unindo em busca de algo maior. O perfeito considerado idílico e utópico é chato, tedioso, imóvel e, por mais que não aparente, extremamente falho.

                                                                                                                                Julia Lima

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