Realmente, encontrar o amor ou alguém que esteja disposto a amar atualmente é difícil, no entanto, afirmar que ele não existe, além de errado e depressivo, é impensável. A verdade é que confundimos o que é amor. Estar interessado, não é amor; se apegar, não é amor; estar apaixonado, não é amor. Mas, então, o que ele é?
Amor é sinônimo de compaixão, porém nós, como seres humanos limitados, o confundimos com paixão. A paixão é momentânea, passageira, efêmera e cega, quando nos apaixonamos vemos o melhor na pessoa, aliás, somente o melhor. A compaixão é constante, fundamentada e possui os olhos bem abertos, quando amamos vemos o melhor na pessoa, mas, principalmente, o que há de pior. Apesar disso, escolhemos amá-la, não pelas qualidades ou defeitos, mas por simplesmente zelar por ela e querer que ela alcance, ou até supere, o seu melhor.Há vários tipos de amor: o amor romântico, o amor fraternal, o amor espiritual (para os religiosos), dentre outros tipos. Cá entre nós, o amor romântico me desanima, este sim falaria, com certeza, que não há espaço para ele atualmente. Apelo aqui não para os tipos de amor anteriormente citados, e sim para o tipo legítimo de amor. Legitimar o amor é colocar a solidariedade à frente e alicerçar muito bem o seu potencial de perdão. Amar não é pensar "não estou sendo beneficiado nesta relação", mas sim "o que posso fazer para te ajudar a se beneficiar?". Amar legitimamente não é fácil e é dom para poucos, me arrisco a afirmar que fraco é aquele que ama romanticamente.
O amor legítimo é um tipo capaz de ir além da moral, ele é apto para perdoar erros que socialmente se dariam como imperdoáveis. Agora, pergunto ao caro leitor: há espaço para esse tipo de amor hoje? Claro, e está até em falta. Já vou adiantando também àquele que lê que legitimar o amor é um trabalho árduo, poucos aceitam o desafio, muitos preferem o comodismo do amor romântico. No entanto, uma coisa posso garantir, não há alegria maior e dor maior do que legitimar. O legítimo é paradoxal e incoerente, mas é engraçado como tais palavras definem e se encaixam perfeitamente na definição do ser humano.
Posso deixar um último conselho? Ame, legitime, se humanize.
Julia Lima