quarta-feira, 13 de maio de 2015

Auto-amor em prática

"Amar, amar você até você se amar, e me amar" (Calma - Jorge e Mateus)

        Não, não é o amor de uma cara por você que fará você se amar. Sejamos sinceras. O "amar a si mesmo" é um potencial o qual todos nós possuímos, e este deve se materializar em característica. Não confunda com o egoísmo ou o egocentrismo, são coisas diferentes. Vejo o "auto-amor" como um privilégio, nem todos tem essa capacidade. Se você não se ama, recomendo que não ame alguém, é melhor evitar transtornos. 
        Uma vez que não há auto-amor, como amar o próximo? Pois isso acontece, e muito. A pessoa que não se ama transfere a necessidade de auto-amor para o companheiro, e cria sua identidade no próprio. Assim, o relacionamento se torna uma relação de dependência identitária, e quando isso ocorre temos certeza que não é amor autêntico, mas sim um intenso apego. Antes de pensar em amar alguém, se pergunte: "Eu realmente me amo?", pois o amor deve somar e não hibridizar. 
      Outras duas coisas ainda desejo pontuar: primeira, não existe "O cara certo", parem com esse fetiche. É preciso ser a pessoa certa - e nisso entra o "se amar" -, dessa forma, vícios como "ele não é o cara certo", "estou esperando pelo O cara" ou ainda "ele não é meu príncipe encantado" desaparecerão aos poucos do seu pensamento. Se você busca ser a pessoa certa pra alguém que busca o mesmo, o restante se torna certo. 
      Segundo, não contaram a história do príncipe encantado direito pra vocês. Conhecemos o clássico: a menina cheia de expectativa espera na janela de seu quarto o príncipe encantado, o qual virá em cima de um cavalo branco. Porém, o buraco é mais embaixo. Existe um príncipe? Sim. Virá em um cavalo branco? Claro. No entanto, enquanto ele estiver indo ao seu encontro todo galopante em seu cavalo, ele se desequilibrará, cairá do cavalo, esfolará a cara no chão e o cavalo pisará em cima dele. O que chegará em sua janela? O cavalo. E então você tem que decidir: escolherá esperar até que cavalo chegue a você ou sairá de sua confortante casa em direção ao príncipe que necessita de seus cuidados? Eu correria atrás do príncipe com um kit de primeiros socorros em mãos. Não vejo espaço para o comodismo que opta pelo cavalo numa história de amor.
        Ao se amar, você estará zelando por si e, consequentemente, pelo outro. Se ame, ame o próximo, se relacione. Escolha o príncipe desconfigurado e não o cavalo impecável. Temos a tendência de achar que o princípio de um bom relacionamento é o amor, mas o verdadeiro ponto de partida é o auto-amor.



Julia Lima