segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Desculpe o transtorno, preciso falar da chuva

Eu estudava em meu quarto quando a ouvi. Não sabia bem como reagir, a esperava havia tempos. Era uma espécie de epifania enrustida de estranheza e exaltação: como controlar tais sensações? Larguei meus estudos. Corri. Fui até a varanda da casa e a encontrei. Senti seu toque suave e úmido em minha pele, a sensação vívida do limiar entre meu corpo e aquele pedaço de universo me inundando inteira. Esqueci daquilo que me afligia por um momento, esqueci de mim. Mas me lembrei da essência, aquela que há em todos nós, mas que está enclausurada pela correria da rotina. Por que a mantemos prisioneira e a alimentamos? Por que perdemos momentos únicos como a sensação de nos confundirmos com a chuva a ponto de não nos delimitarmos por máscaras ou estereótipos sociais como é colocado em nossa rotina? Precisamos desses momentos. Me nego a dizer que são como "escape" e ouso colocá-los como uma experiência da nossa alma, experiência essa que temos deixado em segundo plano. Caro leitor, me atrevo a lhe lançar um desafio: quando vir a chuva, pare o que está fazendo e a experimente. Uma sensação inigualável, uma quebra de rotina necessária, uma renovação da alma, uma epifania através dos resquícios daquilo que não nos é possível conhecer... Feliz aquele que se entrega a experimentação da natureza, a qual foi esquecida há tempos por nós: espécie humana.

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